Casal com Síndrome de Down fala sobre rotina e união: 'Companheiros'
'Casados' há 5 anos, Júlia e Gustavo se conheceram na escola.
'Encontro provocou um preenchimento na existência deles', avaliam pais.
Às 4h30 eles acordam. Juntos, tomam café da manhã e conversam até o
momento em que Gustavo tem que sair para o trabalho. Atenciosa, Júlia
leva o companheiro até a porta de casa e se despede. Dali, Gustavo segue
sozinho até o ponto de ônibus enquanto Júlia volta para dentro, arruma a
casa e torna a dormir. À tarde, o parceiro retorna e daí em diante o
casal não se separa mais: eles almoçam juntos, veem TV, fazem caminhada,
vão à piscina, ao cinema, escrevem. A rotina deles não seria nada
demais, não fosse o fato dos dois terem síndrome de Down.Neste sábado (21), Dia Internacional da Síndrome de Down, o G1 conta a história de Gustavo Muhana, de 37 anos, e Júlia Kops, 29, cuja relação seguiu a ordem dos romances tradicionais. Os dois se conheceram na escola, namoraram, noivaram e, finalmente, "casaram". Eles moram juntos, alternam uma semana na casa dos pais de Júlia, no bairro de Portão, em Lauro de Freitas, na região metropolitana de Salvador, e outra na residência da família de Gustavo, na capital baiana.
Maria Kops, mãe de Júlia, conta que embora os dois não tenham casado oficialmente, uma cerimônia de bênçãos, com um padre, um pastor evangélico e diversos convidados foi realizada no jardim de casa para celebrar a união da dupla em dezembro de 2009. “Gustavo levou tão a sério que, na hora, assinou o nome dele todo com o sobrenome de Júlia”, recorda sorrindo Maria.
O casal se conheceu em 2007, em uma escola para pessoas com síndrome de Down. Gustavo recorda que não demorou muito e ele decidiu terminar com uma ex-namorada para ficar com Júlia. “Eu namorava Vanessa na escola. Só que ela queria ir para o cinema toda hora comigo e eu não gostava. Aí veio a Júlia. Ela é muito legal, é minha companheira, me ajuda. Aí eu terminei com Vanessa e fiquei com a Júlia”, lembra sorrindo.A relação foi imediatamente aceita pelas famílias e o casal foi passando cada vez mais tempo junto, até que Gustavo decidiu então pedir a mão da companheira em casamento. “Eu vim aqui na casa e comentei com Cerqueira [pai de Júlia] que gostaria de casar com a filha dele, e ele disse que sim", lembra
"Conheci Gustavo na escola. Engraçado que eu falava para as pessoas que se Júlia namorasse ele, ia ser ótimo. Antes, eles eram mais sozinhos, queriam só ficar no quarto. Essa união provocou um preenchimento na existência deles", avalia José Cerqueira. “Quando há desentendimento entre eles, não dura menos que dois minutos. Não há aquela coisa de guardar rancor, de querer discutir a relação", completa.
"O que é bom é que nossa famílias têm um nível social com as mesmas exigências, com a mesma história. .Acho que o encontro deles foi muito importante. Eles se sentem mais inseridos na sociedade", opina Maria Kops.
O carinho que Júlia tem por Gustavo é tão grande que fez ela mudar de time do coração. "Júlia era torcedora do Bahia e como Gustavo torce para o Vitória, em um belo dia ela me disse que não era mais Bahia", reclama o pai Cerqueira. Para Júlia, a mudança foi um ato natural para não deixar o companheiro assistir aos jogos sozinho. "Agora sou Vitória. Gustavo é legal, bonito, saio com ele todo dia, vou para praia, tomo sorvete, vou ao cinema", elogia.
FONTE: G1 BAHIA
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