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terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

OS 30 ANOS DA AXÉ MUSIC

O que a axé music tem? Saiba como o gênero baiano conquistou o país

Artistas, crítico e pesquisador falam sobre os 30 anos do movimento musical.
'Modificou não só a vida de muitos artistas, mas de setores', diz Luiz Caldas.Mas afinal de contas, o que significa axé music? Gênero, movimento musical, indústria? Na verdade, um pouco de tudo. Aos 30 anos, uma certeza: existem milhares de motivos para celebrar essa manifestação cultural que nasceu em Salvador. Para Paulo Miguez, doutor em Comunicação e Culturas Contemporâneas e estudioso do carnaval, a axé music pode ser compreendida a partir do ponto de vista estético e mercadológicoLuiz Caldas Magia (Foto: Arquivo Pessoal)

Como tudo começou...
Luiz César Pereira Caldas, o Luiz Caldas. Batizado como o pai da axé music, o multiinstrumentista de Feira de Santana, interior da Bahia, começou a cantar aos 7 anos, na época em que morava em Vitória da Conquista, no sudoeste baiano, e até os 16 tocou em bandas de bailes.
Em Salvador, Luiz Caldas se encanta com o poder do trio elétrico em atrair milhares de pessoas pelas ruas, e o ritmo predominante naquele momento era o frevo. “Eu já estava acostumado a tocar todo tipo de música e não ia me contentar com só uma coisa. E foi daí, dessa necessidade, que surgiu a axé music, que é uma mistura de ritmos. Carlinhos Brown disse há pouco tempo em uma entrevista que a axé music é como uma esponja, e ele tem razão, uma esponja que absorveu toda a música brasileira e transformou nessa alegria”, define Luiz Caldas.

Paralelo ao sucesso do músico em 1985, quando a canção Fricote alcança as paradas de sucesso no país inteiro e atrai os olhos da mídia para a música feita na Bahia, destaca-se também Sarajane que, segundo o próprio Luiz Caldas, era a versão feminina dele na época. Quatro meses após o estouro da axé music, a cantora é convidada para o programa Cassino do Chacrinha. “Eu fiz sucesso com 'Cadê meu Coco', de Carlinhos Brown, depois veio 'A Roda' e 'História do Brasil', que foi quando eu descobri o cantor e compositor de reggae Edson Gomes”, relembra Sarajane.
Cantora Sarajane estourou com o sucesso 'A Roda', logo após Luiz Caldas (Foto: Danutta Rodrigues/G1)Cantora Sarajane estourou com sucesso 'A Roda',
logo após Luiz Caldas (Foto:Danutta Rodrigues/G1)
Para ela, axé music não pode ser considerada um estilo de música. “Essa foi uma forma que chamaram lá o povo que cantava e dançava daquele jeito. A música 'axé' é o ijexá, o samba reggae, galope, merengue, então são estilos variados, forma de dançar, cantar, falar e se vestir, o colorido, é um todo”, opina.
Contratada na época por 10 anos por uma gravadora internacional, a também pesquisadora de ritmos se consagrou como um dos ícones do primeiro momento da axé music e agradece ao estúdio WR, do produtor Wesley Rangel, que bancou a ousadia de lançar discos e artistas baianos em um momento em que a produção musical ficava restrita ao eixo Rio-São Paulo.

“Quando eu gravei o ‘Merengue, Deboche’ na WR, com a ousadia de Rangel, o disco vendeu 45 mil cópias. Isso só na Bahia”, relembra. Para o crítico Hagamenon Brito, a axé music criou uma indústria própria em Salvador, que deslocou pela primeira vez o eixo da música nacional. “Não existia até a década de 1980 nenhuma outra cidade fora do eixo Rio-São Paulo que tivesse uma indústria, tivesse gravadora [como a WR], que tivesse tantos artistas fazendo sucesso e consumindo a sua própria música. Isso foi uma coisa inédita”, conta o jornalista. Para ele, o movimento tem motivos de sobra para comemorar.

Luiz Caldas também ressalta a importância da axé music para o contexto sócio-econômico do cenário musical baiano. “Eu consegui inventar a axé music e modificou não só a vida de muitos artistas e de muita gente, mas também de setores. São famílias que vivem de axé music, porque existe uma gama de setores que se utilizam da axé music para poder sobreviver”, orgulha-se. “Para mim, isso é maravilhoso, são 30 anos de sucesso e que o mundo gosta e que dá pano pra manga e ainda vai dar muito pano pra manga para todo mundo”, alerta.
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FONTE: Globo.com
Por: Marcelo Barbosa JP , VEJA BAIXA GRANDE

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