Quinta, 26 de Fevereiro de 2015 - 10:40
Lula critica estratégia de comunicação do governo Dilma e lembra que pode ser candidato em 2018Em jantar com senadores do PT, nesta quarta-feira (25), o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva criticou a estratégia de comunicação do
governo Dilma sobre o ajuste fiscal. Ao ouvir um rosário de queixas
sobre as mudanças anunciadas na economia, Lula disse que o governo falha
ao não explicar por que haverá alterações em benefícios previdenciários
e trabalhistas e onde se quer chegar com o "sacrifício". "Esse ajuste
precisa ter um objetivo. Ele não está sendo feito porque achamos que é
bom, mas, sim, para apontar um horizonte. Falta dizer, então, por que
essas medidas estão sendo tomadas. É para aumentar o emprego? Para
adotar novas políticas sociais? Nós todos temos falhado um pouco ao não
explicar que não se trata de um fim em si mesmo nem de uma coisa
isolada", afirmou o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), após o
jantar com Lula, realizado na casa do colega Jorge Viana (AC). Durante
três horas e meia, os petistas fizeram várias reclamações sobre o estilo
centralizador da presidente Dilma Rousseff e a articulação política do
Palácio do Planalto. Dos 12 senadores da bancada, só faltaram Marta
Suplicy (SP), de malas prontas para deixar o PT, e Ângela Portela (RR),
que está doente. Lula concordou com as críticas, mas animou a plateia ao
lembrar que ele pode ser o candidato à sucessão de Dilma, em 2018. Ao
traçar um cenário sobre as consequências políticas da fragilidade
econômica, ele disse que é necessário combater a inflação "sem trégua", o
mais rapidamente possível, para evitar que tudo desande. "O que nós
queremos que esteja acontecendo no dia 31 de dezembro de 2018?",
perguntou Lula, segundo relato do senador Humberto Costa. "Qual País nós
queremos entregar ao sucessor de Dilma?"
O ex-presidente cobrou dos petistas uma reação à ofensiva dos
adversários para carimbar o partido como "corrupto", na esteira do
mensalão e do escândalo na Petrobras. "Ele perguntou se a gente ia ficar
quieto ouvindo esses caras falarem de corrupção, de propina. Qual a
moral que eles tem? Não dá para ficar vendo esses caras bancando os
vestais", afirmou o líder do PT no Senado, ao lembrar o escândalo do
cartel de trens e Metrô, em São Paulo, que atingiu o PSDB. "No nosso
caso é roubo e no deles é compromisso ideológico das empreiteiras?",
ironizou. A lista que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot,
enviará nos próximos dias ao Supremo Tribunal Federal (STF), contendo
nomes de políticos suspeitos de desvio de dinheiro da Petrobras,
preocupa o governo e o PT. No jantar desta quarta-feira, Lula baixou uma
ordem unida sobre a Operação Lava Jato, da Polícia Federal: disse que a
estratégia do partido para reconstruir sua imagem não pode depender da
desgraça alheia. "Essa visão de que se aparecer um monte de bandido do
PSDB ou de outro partido resolve o problema está equivocada. Não é bem
assim, não", argumentou Costa, repetindo o raciocínio de Lula. "O PT tem
de se preocupar em mostrar a sua posição, em se defender das calúnias
e, se tiver irregularidades, quem as praticou deve ser punido." O líder
do PT chegou a ser citado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto
Costa, em acordo de delação premiada, como beneficiário do esquema na
Petrobras. À época, ele negou com veemência a denúncia e disse estar "à
disposição" dos órgãos de investigação, tornando disponíveis os seus
sigilos bancário, fiscal e telefônico à CPI da Petrobras, a Janot e ao
ministro do Supremo Teori Zavascki. Nesta quarta-feira, Costa admitiu
que há preocupação generalizada com o impacto da "lista de Janot" sobre
as votações no Congresso. Na tentativa de jogar água na fervura do PMDB,
que reclama de não participar do núcleo político do governo, Lula
tomará café da manhã, nesta quinta-feira, 26, com o presidente do
Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e com senadores do partido. Na
Câmara, Lula quer que o PT vire a página da briga com o presidente da
Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que derrotou Arlindo Chinaglia (PT-SP) e
já impôs um revés atrás do outro ao governo.
Fonte: Bahia Notícias, Por: Marcelo Barbosa JP, Veja Baixa Grande
Nenhum comentário:
Postar um comentário