"Não quero ser bonzinho", diz o deputado federal e ex-jogador Romário
Melhor jogador do mundo, herói da Copa de 94, mais de mil gols, 30 títulos, seis filhos, três ex-mulheres. Personagem incontestável no futebol mundial e controverso na vida pessoal, Romário, aos 47 anos, soma mais um predicado: é um dos deputados federais mais atuantes em Brasília. Às vésperas da Copa das Confederações, trava uma cruzada anticorrupção no esporte e defende direitos de portadores de deficiência. Tudo isso em meio à recuperação (dolorida) do fim de um casamento de 13 anos. Eleito em 2010 com quase 150 mil votos, Romário, hoje também presidente da Comissão de Turismo e Desporto, chegou a Brasília cercado de desconfiança, mas hoje, com 100% de presença na Câmara, tem projetos de lei importantes (como o que pretende agilizar as pesquisas médicas no Brasil) e trava um verdadeiro embate com a CBF por mais transparência no futebol. É a favor da saída do atual presidente da instituição, José Maria Marin, que recentemente teve seu nome ligado à morte do jornalista Vladmir Herzog durante a Ditadura Militar. Critica os valores estratosféricos que as obras da Copa tomaram. E, sobretudo, luta pela inclusão de portadores de deficiência no País. Sua filha caçula, Ivy, 8 anos, tem Down – síndrome genética que, até seu nascimento, ele praticamente desconhecia. Ivy é também a catalisadora da metamorfose do Romário jogador para o político. “Ela mudou tudo em mim. O egoísmo, a ‘marra’, a antipatia.”Nascido na favela de Jacarezinho (RJ) há 47 anos, Romário teve uma infância difícil. Convivia com usuários de drogas e não podia comer o que queria. O pai, Sr. Edevair, montou um time de futebol amador, o Estrelinha, para que os filhos focassem no esporte e tivessem uma trajetória diferente da maioria das crianças da comunidade. Talentoso, Romário foi contratado, ainda adolescente, pelo Vasco da Gama. Pouco depois, a Europa: primeiro o PSV da Holanda, pelo qual foi tricampeão holandês, e depois o Barcelona, campeão espanhol e da Supercopa da Espanha. Em 1994, levou a seleção brasileira ao campeonato mundial, depois de 24 anos de jejum em Copas do Mundo. Foi eleito o melhor jogador do mundo pela FIFA e, de volta aos gramados brasileiros, ganhou muitos títulos pelo Vasco e pelo Flamengo. Sempre polêmico, mantinha desafetos em campo e fora dele, não gostava do cotidiano espartano dos treinamentos e vivia burlando as concentrações. Seu compromisso era apenas com o gol: foi o segundo jogador no mundo a alcançar a marca de mil tentos marcados, junto com Pelé.
Paralelamente, acumulou casamentos e amantes. Com as “oficiais”, Mônica Santoro, Danielle Favato e Isabella Bittencourt, teve cinco filhos: Moniquinha, Romarinho, Daniellinha, Isabellinha e Ivy – a única que não leva o nome de uma ex-mulher. Com a modelo Edna Velho, teve Raphael, quando ainda era casado com Danielle. Em outubro, chegou ao fim a união de 13 anos com Isabella. O motivo: novamente, sua infidelidade. Pela primeira vez, entretanto, Romário não está animado com a possibilidade de ter muitas mulheres. “Se me apaixonasse hoje, seria um cara fiel. Homem mesmo é aquele cara que conquista a esposa todos os dias. Mas como papai do céu é bom comigo, acredito que vou ter mais uma chance.” Durante quase três horas, o deputado recebeu Marie Claire em seu gabinete em Brasília. Em uma conversa franca, falou sem pudor sobre política, futebol, ambição, moda, vaidade, sexo e filhos. A entrevista na íntegra você lê na Marie Claire de junho, nas bancas a partir do dia 4.
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